A viabilidade da aquisição da Inco está relacionada ao comportamento futuro do principal produto da empresa, o níquel. A reportagem a seguir, do Estadão de hoje, informa que o níquel deve ter uma alta de 50%. Entretanto, existe aqui um engano. O que é interessante saber é se a cotação continuará em alta em 2007 pois o aumento de 2006 provavelmente não trará nenhum benefício para Vale. Caso a cotação continue no mesmo patamar de 2006 a aposta da Vale foi errada.
Cotação do níquel deve fechar 2006 com alta de 50%
Produto é usado na siderurgia para a fabricação do aço inoxidável
Nilson Brandão Junior
A cotação média do níquel deverá fechar o ano quase 50% acima da cotação do ano passado, conforme estimativas do Standard Bank. A demanda está aquecida principalmente por causa da demanda da siderurgia, que usa o produto para fabricar aço inox. Apenas a China consome 17% de todo o níquel produzido no mundo e a demanda deverá continuar forte pelo menos nos próximos dois anos, estima o analista Luiz Manreva. A canadense Inco, agora da Vale, é a segunda maior produtora mundial do produto.
A avaliação é de que o momento é favorável para as commodities metálicas. Manreva explica que, de forma geral, estas commodities tiveram um cenário positivo este ano. Os principais motivos são a forte demanda, problemas localizados de oferta, principalmente no caso do cobre, e uma grande liquidez internacional de recursos, usados em investimentos em commodities. No ano passado, a cotação média do níquel foi de US$ 14,735 mil por tonelada, e deverá fechar este ano em US$ 21,8 mil, conforme as estimativas do banco.
As mesmas projeções indicam que a cotação média do alumínio deverá fechar o ano 30% acima do valor do ano passado, do cobre 83% e do zinco, 127%. No caso do cobre, além da demanda favorável, greves por reajustes nas principais minas do Chile, grande fornecedor do produto, afetaram os preços.
Quase dois terços do níquel produzido no mundo seguem para o setor siderúrgico, para a produção de aço inox. O níquel é resistente à corrosão e funciona como um elemento de liga na fabricação do aço inox.
As indústrias de infra-estrutura e de base da China são grandes compradoras de níquel. Da produção total de 1,419 milhão de toneladas no ano passado, o país asiático comprou 251 mil toneladas e os Estados Unidos, 148 mil. Segundo um analista financeiro, a demanda chinesa tende, contudo, a reduzir um pouco no ano que vem, caso se confirme uma leve desaceleração do crescimento da economia do país, de perto de 11% este ano para um patamar próximo dos 9%.
Nesse cenário, poderia haver um 'pequeno' reajuste de preços para baixo. 'Não quer dizer que seja ruim. Existe hoje uma demanda muito maior do que o atendimento, o que causa preços maiores', afirmou o analista. Como a Vale, principal mineradora do País, não atuava ainda fortemente no níquel, o acompanhamento de preços do produto não é comum entre os analistas. Com o avanço da empresa brasileira no níquel e no cobre, os produtos passarão a ser acompanhados mais de perto pelo mercado.
A Fundação Getúlio Vargas (FGV) começou a acompanhar há dois meses, em separado, a variação de preços do níquel e do manganês, que tiveram pouca variação nas duas primeiras coletas de preço no mercado interno. Dos três minérios que a fundação acompanha, a maior variação no atacado foi do cobre (66,16%) este ano, seguido do minério de ferro (5,39%) e do alumínio (4,38%).
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