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25 outubro 2006

Gerdau, a nossa maior multinacional

Diante da notícia da aquisição da empresa canadense Inco por parte da Vale cresce o interesse pelas multinacionais brasileiras. A Gerdau é um dos destaques nesta lista, que inclui a Petrobrás, Odebrecht, Marcopolo, entre outras.

O caminho para o exterior é importante para expansão de uma empresa quando o mercado doméstico está estagnado.

Veja a reportagem completa do Estadão a seguir:

Gerdau lidera ranking de empresas mais internacionalizadas do País
Empresa sai na frente porque tem boa parte da operação no exterior, segundo a Fundação Dom Cabral

Patrícia Cançado

Enquanto a Vale do Rio Doce anunciava a compra da Inco no Canadá, a Gerdau estudava oportunidades na China e no Leste Europeu. Pouco tempo antes, a Natura inaugurava um laboratório na França e a Sadia iniciava a construção de uma fábrica na Rússia. As empresas brasileiras mudaram, definitivamente, de patamar no tabuleiro global. Elas deixaram de ser apenas exportadoras para fincar raízes no exterior.

O nível de internacionalização das empresas levou a Fundação Dom Cabral a elaborar o primeiro ranking sobre o assunto. Entre as 24 companhias que participaram do levantamento, a Gerdau aparece em primeiro lugar, seguida pela Construtora Odebrecht, Vale, Petrobrás e Marcopolo, nessa ordem.

'O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, mas fez um enorme progresso a partir dos anos 90', diz o coordenador do ranking da Dom Cabral, Álvaro Cyrino. 'Algumas empresas estão encarando a internacionalização como estratégia principal de crescimento.'

A Gerdau foi uma das primeiras empresas a se aventurar no exterior, ainda nos anos 80. Listada na bolsa de valores de Nova York desde 1999, já investiu mais de US$ 1,7 bilhão em aquisições no exterior. A maior parte das suas usinas hoje está fora do País. No primeiro semestre, 60% do faturamento veio da atuação internacional.

O avanço da Vale certamente vai alterar a pontuação da companhia no ranking, mas provavelmente não deve tirar o posto da Gerdau. Apesar de ter uma operação maior que a da Gerdau, a Vale ainda tem boa parte dos seus ativos e do faturamento ligado ao Brasil.

A Fundação Dom Cabral levou em conta sete critérios para elaborar o ranking. O primeiro - o percentual de receita com vendas externas - indica o estágio mais básico de internacionalização de uma empresa.

Ter um alto percentual de vendas no exterior, no entanto, não é suficiente. A empresa também precisa ter ativos no exterior. E essa foi uma das grandes evoluções dos últimos tempos. 'Hoje há empresas com quase metade dos ativos lá fora, um sinal de amadurecimento', diz Cyrino. 'Se a empresa só exporta, pode abandonar o mercado quando as coisas não vão bem.'

Nesse quesito, a Marcopolo foi destaque. Segundo Cyrino, ela tem 46% dos seus ativos fora do País. A sua última investida foi na Índia, com uma joint venture com a Tata Motors. Ela também tem fábricas de ônibus no México, Colômbia, Portugal, África do Sul e Rússia.

Uma empresa que só vende no exterior é muito diferente daquela que dá assistência técnica, faz marketing, fabrica, compra de fornecedores ou investe em pesquisa lá fora. Quanto mais atividades na cadeia de valor, mais inserida a empresa está no contexto internacional. Esse foi o ponto onde mais companhias ganharam nota máxima.

O tempo de atividade e o percentual de funcionários no exterior são outros sinais de globalização. No critério recursos humanos, as notas foram baixas de forma geral. A Gerdau teve a melhor avaliação, pois já tem cerca de 40% da sua força de trabalho fora do Brasil.

Na avaliação de Cyrino, as brasileiras também estão atrasadas no quesito dispersão geográfica e governança corporativa (número de mercados de ações onde a companhia está listada). 'Elas ainda estão muito concentradas na América Latina', diz o professor.

A Sabó, fabricante de autopeças, se destacou nesse ponto. A empresa tem fábricas na Argentina, Alemanha, Áustria e Hungria, além de uma em construção nos EUA . Em fevereiro de 2007, vai abrir um escritório no Japão. A China também faz parte dos planos. 'A Sabó se move dessa maneira porque o próprio setor automotivo exige', diz Antonio Carlos de Souza, diretor-geral da Sabó.

INDÚSTRIA

As empresas mais bem posicionadas no ranking são majoritariamente de base industrial. Esse resultado já era esperado, pois é típico de países jovens. Para Cyrino, o grande desafio será aumentar o nível de internacionalização de empresas de bens de consumo. 'Embraer, Sadia, Natura e Alpargatas já deram um passo nesse sentido', diz Cyrino.

A Sadia vende no exterior com o nome próprio e com as marcas Hilal, Corcovado, Sahtein e Rezende. 'A construção de marca no exterior depende de continuidade e permanência. A marca não pode desaparecer de tempos em tempos', diz José Augusto de Sá, diretor de mercado externo da Sadia. 'A empresa também tem de conhecer a cultura e os costumes dos países e se adaptar a eles.'

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