Uma detalhamento da notícia de ontem, sobre a fraude contábil descoberta na EMI do Brasil:
Gravadora EMI descobre fraude milionária em filial brasileira
Segundo auditoria interna, executivos inflaram as receitas em R$ 48 milhões; integrantes da diretoria foram afastados enquanto empresa investiga a responsabilidade pelo desvio
Jotabê Medeiros
A gravadora EMI, baseada na Inglaterra, anunciou ontem que identificou, em seus controles internos, uma fraude contábil que afeta o relatório de resultados das vendas de discos no Brasil. Segundo comunicado da companhia, a fraude resultou num valor superestimado de receitas de cerca de 12 milhões de libras (cerca de R$ 48 milhões) e inflou os lucros operacionais em 9 milhões de libras (aproximadamente R$ 36 milhões).
A fraude, segundo avaliação do grupo, vai se refletir nos resultados financeiros da companhia no primeiro semestre do ano. A divulgação dos dados fez com que as ações da companhia caíssem cerca de 8,8% na Bolsa de Londres (a empresa detém contratos com artistas de ponta na Europa, como a banda Coldplay, maior vendedora de discos do ano; o ex-beatle Paul McCartney; o produtor Moby e a cantora Joss Stone).
Na nota, o grupo EMI ainda anunciou que está conduzindo uma investigação para apurar responsabilidades e que suspendeu executivos da filial brasileira, mas não divulgou os nomes. O principal executivo brasileiro é Marcos Maynard, presidente da EMI Music Brazil. Procurado ontem pela reportagem, ele não foi encontrado. Sua assessoria disse que todas as informações seriam fornecidas pela EMI internacional.
No início da noite de ontem, fonte da companhia em Nova York informou ao Estado que é 'muito cedo' para avaliar o impacto dos fatos e das medidas que serão tomadas na rotina dos artistas que trabalham para a gravadora. Entre eles, estão alguns dos maiores vendedores de discos do País, como Marisa Monte. Segundo a fonte, todas as investigações serão internas e as medidas consistirão fundamentalmente no afastamento do pessoal envolvido.
Marcos Maynard tornou-se presidente da EMI Brasil em 2004. Antes, tinha trabalhado como principal executivo da Abril Music, da Polygram latina e brasileira e da Sony Music do México. Nessas companhias, trabalhou com artistas de todos os gêneros, como Titãs, Falamansa, Caetano Veloso, Chitãozinho e Xororó, Sandy e Júnior, Ivete Sangalo, Ricky Martin. Ele se reporta a Marco Bissi, presidente e CEO da EMI Music Latin America.
O mercado de música no Brasil está se retraindo progressivamente. Segundo relatório da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), nos primeiros seis meses do ano as vendas caíram 6,74% em valores totais (em 2005, a queda foi de 12%).
O grupo EMI é uma das três maiores companhias de música do mundo, operando em 50 países, representando 1,3 mil artistas no planeta e contando com cerca de 6,3 mil funcionários. No ano passado, teve receita de cerca de 2 bilhões de libras, gerando um lucro de cerca de 250 milhões de libras. Tem duas divisões - a EMI Music e a EMI Music Publishing.
Ultimamente, como todas as empresas do ramo, tenta desenvolver a venda de música digital, que, segundo declara, registrou um crescimento de 135% no biênio 2005-2006, uma receita de 112 milhões de libras.
Entre os catálogos que a EMI Music administra, estão os de algumas lendas do show biz, como os Beatles, os Rolling Stones e o Pink Floyd. Seu próximo grande lançamento internacional, previsto para o dia 20 de novembro, é Love, novo álbum com canções dos Beatles, o primeiro com som estéreo 5.1, além de DVD com som surround. A EMI também trabalha com diversos selos importantes, como Blue Note, Capitol, Capitol Nashville, EMI Classics, Parlophone e Virgin.
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