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26 agosto 2006

Spreads Soberanos

Um trabalho do Ipea analisa o que influencia os spreads de 24 países emergentes no período de 1998 a 2005. Utilizando dados em painel, um técnica estatística mistura a evolução no tempo com as variáveis que são relevantes, o trabalho procura determinar quais os países que são mais vulneráveis a um choque externo.

Os autores pretendem explicar quais os fundamentos macroeconômicos e indicadores de governança de cada país são relevantes. Os autores puderam calcular qual o efeito de um aumento de 1% na taxa de juros norte-americana de curto prazo sobre o nível de risco soberano. Neste ponto, o Brasil ficou em 7o. lugar na ordem de risco, atrás Ucrânia, Nigéria, Rússia, Equador, Bulgária e Turquia. Os autores também tentam responder a seguinte questão: qual o emergente mais vulnerável a um choque de risco? A resposta: Nigéria, seguindo do Brasil.

Uma outra questão da pesquisa é verificar se o que os autores denominam de "governança" poderia explicar as taxas de cada país. Para medir a governança, utilizou-se a qualidade da regulação. E a resposta foi positiva.

Apesar de interessante, acho que a pesquisa possui alguns problemas sérios. Um primeiro problema foi a eliminação de certos dados de taxas elevadas de países que passaram por severas crises de moratória. Os autores não discutem, de forma apropriada, qual o efeito desta eliminação no resultado final.

O segundo aspecto que não fica muito claro é que em certas informações os autores utilizaram informações que possuem periodicidade diária e outros dados com periodicidade diferente. Não é dito no texto como esta diferença de periodicidade foi tratada.

Finalmente, mas também relevante, a apresentação metodólogia é fraca e insuficiente para uma reprodução da pesquisa. Isto torna questionável a utilização destas conclusões para fins acadêmicos.

Título: Spreads Soberanos: Liquidez, Endividamento ou Governança? de Katia Rocha, Roberto Siqueira, Felipe Pinheiro e Leonardo Carvalho. Rio de Janeiro, agosto de 2006, disponível no sítio do Ipea. (Texto para Discussão 1205)

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