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08 agosto 2006

Menor Volatilidade nas crises


Uma reportagem do Jornal do Commercio informa que o risco diminuiu


Menor volatilidade nas crises

Investimentos - "Nervômetro" da RiskControl Serviços constata que País está menos exposto às crises

YUKI YOKOI
DO JORNAL DO COMMERCIO

A qualidade dos ativos brasileiros melhorou significativamente nos últimos anos, o que pode ser comprovado pela menor volatilidade das ações e dos títulos públicos em períodos de crise. De 10 de maio até 29 de junho, período que compreende duas reuniões do Federal Reserve e foi marcado pelo forte realocação de ativos, o Ibovespa registrou volatilidade realizada de 1,3072%. A variação segue a metodologia da RiskControl Serviços que, através de 85 medições diárias, calcula o real nervosismo do mercado ao longo dos pregões, em um índice denominado "nervômetro". As 85 medições diárias são feitas de 10 em 10 minutos, das 10 às 17 horas e são denominadas tecnicamente como Índice Brasileiro de Volatilidade do Mercado (IBVM).

Pelo método tradicional, seriam confrontados apenas os fechamentos de cada sessão, o que resultaria em oscilação média já modulada de 1,3313%. Do início de junho de 2005 até 19 de agosto do ano passado, período mais crítico das denúncias do mensalão na administração petista, a Bovespa registrou volatilidade realizada de 1,3449%. Isso significa que o mercado de ações variou cerca de 2,8% menos neste ano do que durante a instabilidade política. O indicador de volatilidade realizada do mercado de renda fixa, com carteira 100% prefixada, registrou variação de 0,0974% em maio e junho.

Durante os meses mais conturbados do mensalão, o Ibovespa atingiu volatilidade realizada máxima de 3,19% em apenas um dia. Na realocação de recursos registrada em maio e junho deste ano, a variação máxima registrada pelo método da RiskControl foi de 2,332%. "Medimos a volatilidade ao longo de todo o pregão, mais precisamente a cada 10 minutos. De acordo com o histórico do índice Bovespa, a oscilação diária dos meses de maio e junho foi menor do que em outros períodos de incertezas. Isso evidencia que os ativos brasileiros têm hoje mais qualidade, apesar de ainda ser muito suscetível ao noticiário e à divulgação de dados econômicos", explica Edson Daniel Lopes Gonçalves, consultor da empresa responsável pelo cálculo da volatilidade realizada.

Para Solange Srour, economista da Mellon Global Investments, a realocação de ativos durante maio e junho, desencadeada pelas incertezas em relação à política monetária americana, deixou evidente a melhoria dos ativos brasileiros. Segundo ela, a qualidade é uma conseqüência dos fundamentos econômicos mais sólidos. Atualmente, de zero a dez, Solange daria nota seis para os ativos brasileiros e dez para os títulos do tesouro americano, papel sem risco. Elevar a avaliação brasileira dependeria de uma reforma fiscal de qualidade, na opinião da economista.

Nossos fundamentos macroeconômicos estão melhores em relação a um passado recente e também frente a outros países emergentes. Durante o último período de instabilidade, o Brasil reagiu como as demais nações em desenvolvimento em um primeiro momento. Em seguida, houve uma diferenciação afirma Solange. Para este semestre, a expectativa dos investidores também é positiva, apesar das eleições. Os dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas são considerados pró-mercado, o que resultará em um governo de continuidade nos próximos anos.

A classificação de grau de investimento para o Brasil é também um ponto crucial para alavancar o mercado local. Com a avaliação, os ativos do País passariam a ser recomendados por grandes instituições e registrariam maior ingresso de capital estrangeiro. A conseqüência seria a melhoria das perspectivas dos ativos nacionais juntamente com a maior atratividade para os pequenos investidores.

Somente em julho, a participação dos aplicadores pessoa física passou de 22,88% para 27,68%, atrás apenas da movimentação financeira dos investidores estrangeiros. A elevação pode ter sido resultado da pressão vendedora que tomou conta do mercado durante o período, mas o aumento da participação geral também evidencia que o pequeno aplicador tem uma visão mais positiva do mercado.

Fatores, locais e externos são os responsáveis pela maior resistência dos ativos brasileiros aos momentos de incerteza. Flávio Serrano, economista da López Léon, também atesta a maior qualidade dos ativos brasileiros. "A magnitude da última crise foi pequena. Qualitativamente nossa economia também está melhor", diz.

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