Reportagem do Valor Econômico de 14/06 sobre a necessidade de proteção ao minoritário:
Pouca proteção ao minoritário também reduz interesse
Um complicador para os mercados emergentes é que, em muitos, a lei oferece pouca proteção aos acionistas minoritários. Brechas em um contrato de dívida são fáceis de serem detectadas e policiadas, mas uma reivindicação de um acionista pode ser derrubada de uma hora para outra. O presidente do Conselho de Administração da Hyundai da Coréia do Sul, por exemplo, está sendo julgado sob acusação de ter desviado US$ 110 milhões de sua companhia.
Mas as coisas estão melhorando, segundo Simeon Djankov, do International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial (Bird). Em 28 de julho, uma nova lei de valores mobiliários entrará em vigor no México, endurecendo as penalidades. Os mercados de ações da Índia, certa vez descritos como um "ninho de cobras", se tornaram menos venenosos nos últimos anos, na medida em que a Comissão de Valores Mobiliários do país ficou mais agressiva. O Egito, sob comando de um ministro dos Investimentos durão, finalmente está aperfeiçoando as leis corporativas, algumas das quais vinham sendo deixadas de lado há 25 anos. Djankov teme que a onda de vendas indiscriminadas das últimas semanas possa desencorajar as reformas. Se é assim que os mercados recompensam seus esforços, por que eles deveriam se preocupar?
Se os investidores carecem de discernimento, também falta liquidez nos mercados. Os investidores institucionais americanos poderiam comprar quatro vezes todas as ações espalhadas pelos mercados emergentes. Na maior parte dessas bolsas de valores, diz o Bird, o volume de negócios é relativamente pequeno, girando menos de 40% do mercado em um ano, comparado a 250% na Nasdaq. Os negócios são muito mais intensos na Turquia, Tailândia e Índia, onde o giro supera 100%. No México, oito ações responderam por quase dois terços de todos os negócios em 2004.
Como resultado, a comoção nas bolsas nas últimas semanas pode não servir como uma medida confiável das perspectivas para cada uma dessas economias. É mais provável que elas sejam um simples sinal do peso do dinheiro que entra e sai de mercados que ainda são muito fracos para suportar esse fluxo confortavelmente. Isso torna o capital estrangeiro "irrelevante, na melhor das hipóteses, e extremamente perigoso, na pior", segundo um gestor de fundos.
Mas Michael Klein, presidente do IFC, está otimista. No curto prazo, as firmas de "private equity" podem apostar contra a manada. E, no longo prazo, à medida que o mundo rico envelhece, ele ficará ainda mais ansioso para dividir os frutos e as vantagens oferecidos pela mão-de-obra mais jovem do mundo em desenvolvimento.
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