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23 junho 2006

O custo de não fazer

Uma reportagem do Wall Street Journal de hoje mostra o custo de não fazer. No caso, refere-se ao filme do Superman, adiado várias vezes.

A reportagem completa a seguir:

O supercusto de não realizar um filme
June 23, 2006 4:05 a.m.

Por Kate Kelly
The Wall Street Journal

Alguns anos atrás, o então presidente de produção da Warner Bros. Entertainment, Bill Gerber, levou um pequeno grupo de pessoas de Hollywood para uma luxuosa casa de veraneio que o estúdio mantinha em Acapulco. Entre eles estava o agente Gerry Harrington, cujo cliente Nicolas Cage havia sido escolhido para o papel principal numa nova encarnação da série de filmes Superman.

Logo depois de chegarem lá, Gerber recebeu um desagradável telefonema informando-o que o estúdio estava descartando o projeto com Cage por questões de orçamento e roteiro. "Eu tinha a nada invejável tarefa de dizer a Gerry Harrington que estava tudo acabado", lembra Gerber. "Foi um desastre."

Oito anos depois, a Warner Bros., da Time Warner Inc., está pronta para apresentar sua nova versão do mais famoso super-herói. Superman – O Retorno — que estréia dia 28 de junho nos EUA e 14 de julho no Brasil — traz o pouco conhecido ator Brandon Routh e o diretor de X-Men, Bryan Singer. A Warner Bros. diz que o filme custou US$ 228 milhões mas que, com a isenção de impostos por ter sido feito na Austrália, o desembolso ficou perto dos US$ 209 milhões.

Nos últimos dez anos, a Warner Bros. experimentou cinco diretores, várias equipes administrativas no estúdio e pelo menos dez roteiros na tentativa de trazer o Super-Homem de volta à tela. A série estava dormente desde Superman IV – Em Busca da Paz, de 1987, o último e menos popular dos filmes com Christopher Reeve.

O esforço da Warner para relançar Superman é prova de que, em Hollywood, os filmes que não são feitos podem ser tão penosos e custosos quanto os que são. Estima-se que as versões fracassadas de Superman que precederam o filme de Singer custaram à Warner US$ 60 milhões em despesas de desenvolvimento, segundo entrevistas com mais de uma dúzia de atuais e ex-executivos, roteiristas, diretores e consultores que estiveram envolvidos no projeto em várias fases. Esse é o custo médio atualmente de uma produção hollywoodiana.

A Warner Bros. diz que esses custos já foram baixados de seu balanço. Mas a experiência mostra que mesmo a tarefa aparentemente simples de passar uma história popular de gibi para o celulóide às vezes pode virar uma peregrinação agonizante e custosa.

O projeto de Superman – O Retorno nasceu em 1993, quando a Warner Bros. adquiriu os direitos de fazer um novo filme do Homem de Aço. Jon Peters, o produtor ligado ao filme, trocou de roteirista pelo menos três vezes até 1997, passando por Jonathan Lemkin, um veterano roteirista de televisão, e Kevin Smith, do sucesso independente O Balconista. A Warner Bros. diz que 11 roteiristas custaram-lhe em média US$ 850.000 cada.

Mas foi tudo jogado fora em 1997, quando Tim Burton, diretor de Batman, entrou no projeto acompanhado por Cage e um novo roteirista de sua escolha, Wesley Strick. Mas o projeto, que seria baseado no quadrinho A Morte do Super-Homem, acabou engavetado no ano seguinte, por dúvidas quanto aos custos e ao roteiro, segundo pessoas à época envolvidas. O estúdio diz que gastou aí US$ 30 milhões.

Dali em diante, a Warner cogitou um filme de Batman contra Super-Homem, que seria dirigido por Wolfgang Petersen, de Na Linha de Fogo, mas voltou a arquivá-lo, antes de contratar Brett Ratner, que fez a comédia A Hora do Rush, para um novo filme só do Super-Homem.

Em seis meses de preparação, Ratner trabalhou com artistas de efeitos visuais e designers numa produção estimada em mais de US$ 200 milhões, gastando cerca de US$ 10 milhões. No começo de 2003, ele foi demitido.

A Warner Bros. finalmente acertou com Singer em 2004.

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