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26 maio 2006

Enron 2

Reportagem da Gazeta Mercantil:

Ex-diretores são declarados culpados

Houston (EUA), 26 de Maio de 2006 - Jeffrey Skilling e Kenneth Lay, ex-diretores da empresa Enron, foram declarados culpados de fraude e conspiração por sua responsabilidade na falência de 2001 do então gigante energético, anunciou o júri. Jeffrey Skilling foi considerado culpado de 19 das 28 acusações que lhe foram atribuídas e terá de cumprir uma pena máxima de 185 anos de prisão. Por sua vez, o fundador da Enron, Lay, foi declarado culpado das seis acusações de fraude e conspiração de que era acusado, além das acusações de fraude bancária que enfrentava em outro julgamento que ocorria paralelamente, também em Houston. Pode ser condenado a um máximo de 165 anos de prisão. O anúncio das sentenças está previsto para 11 de setembro, disse o juiz do caso, Sim Lake, que pediu o passaporte de Lay.

O governo americano comemorou o veredicto e prometeu processar os criminosos corporativos com o mesmo ímpeto que utiliza para com os delinqüentes das ruas: "não toleramos a corrupção empresarial e, além disso, o Departamento de Justiça tem trabalhado agressivamente contra aqueles que estão envolvidos em corrupção corporativa", disse o porta-voz da Casa Branca, Tony Snow.

Lay estava sentado com sua esposa no momento em que o veredicto foi pronunciado. Skilling olhava para os sapatos. Ambos haviam se declarado inocentes do maior colapso da história corporativa americana. "Obviamente estou decepcionado, mas o sistema funciona assim", declarou Skilling com o rosto fechado na saída do tribunal. Seu advogado, Dan Petrocelli, afirmou que apelaria do veredicto.

Skilling estava sendo julgado junto com Lay desde janeiro em Houston. As oito mulheres e os quatro homens do júri se retiraram para deliberar a partir do dia 17 de maio. O júri demorou menos de seis dias para chegar a um veredicto.

A Enron, cuja capitalização chegou a US$ 100 bilhões, faliu em poucas semanas quando foram descobertos desvios de fundos na contabilidade do grupo. Sua quebra arruinou milhares de acionistas e empregados que haviam investido em ações e fundos de pensão da empresa. O caso se transformou então num símbolo da corrupção e do excesso do mundo empresarial americano.

Lay e Skilling se defenderam afirmando que não estavam a par das manipulações contábeis de seu diretor financeiro, Andrew Fastow, que havia criado sociedades financeiras paralelas para ocultar as perdas da firma. Fastow se declarou culpado, aceitou colaborar com a Justiça e testemunhou contra seus ex-chefes. Em seu testemunho, afirmou que eles realmente estavam a par do que acontecia e que Skilling o estimulava nessas atividades.

Lay dirigiu a Enron até o início de 2001, quando cedeu a presidência a Skilling, seu braço direito, que renunciou inesperadamente no verão seguinte. Lay teve de retomar as rédeas do grupo alguns meses antes de sua quebra. Estima-se que as perdas pela quebra da Enron superaram os US$ 40 bilhões.

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