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04 maio 2006

Corrupção e impacto sobre as empresas

A corrupção refere-se a deterioração física de algo. No dia-a-dia a corrupção tem o significado de subornar, de uma ou mais pessoas, em causa própria ou alheia, através do oferecimento de vantagens. A origem do termo é antiga, do século XIV da nossa era.

No Brasil parece que já perdemos a noção da necessidade de combater essa prática. Diante das manchetes dos jornais, é normal aceitá-la, sem refletir seus efeitos.

Para um empresa, a corrupção significa aumento de despesa - se ter a certeza de uma contrapartida em termos de serviços -, com a chance de aumentar o risco de uma ação da justiça ou uma condenação por parte dos clientes.

Os efeitos também se fazem sentir para as empresas que atuam em setores onde a existência de corrupção é uma prática comum. Um aumento na corrupção num país tem impacto sobre os negócios de todas a empresas. Esse é uma possível conclusão de um estudo realizado por três pesquisadores em economia da University of Texas e University of Nebraska.

Os pesquisadores verificaram se existe relação entre o nível de corrupção de um país e o rating da dívida soberana de cada país. Para medir a corrupção, Depken, La Fountain e Butters utilizaram os dados da organização Transparency International, que possui um indicador que mede o nível de corrupção de cada país. O Brasil possuía em 2005 uma percepção de corrupção de 3,7 (quanto maior o índice, menos corrupto é o país), estando em 62o. lugar de uma lista de 159 países. Esse dado de corrupção foi relacionado com o da classificação dos títulos da dívida soberana. Os países que possuem títulos da dívida negociados no mercado internacional possuem uma classificação decorrente da qualidade desses títulos. Quanto pior a qualificação maior a percepção do credor que o país é um mal pagador.

Quando um país não está classificado adequadamente isso significa que se uma empresa daquela nação necessitar de um financiamento externo o custo será significativamente maior. Assim, uma empresa da Finlândia, um país com boa classificação externa, consegue empréstimos externos a um custo menor que uma empresa brasileira, que não possuí uma boa classificação. Os efeitos disso são observados no custo mais elevado dos recursos para as empresas.

O que Depken e seus colegas descobriram é que a classificação da qualidade dos títulos externos de um país possui relação com a corrupção. Em outras palavras, países menos corruptos possuem um risco menor que os países mais corruptos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram um conjunto de quase 50 países e isolaram algumas variáveis que poderia afetar o nível de risco. Apesar do resultado final não apresentar uma correlação muito expressiva entre a corrupção e o custo da dívida, essa relação existe.

Para se ter uma idéia do impacto positivo de políticas de combate à corrupção num país, uma redução da corrupção na Argentina para o níveis da Tunísia significaria uma economia de $1,3 bilhão de juros anualmente ou quase 1% do seu PIB.

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