A questão da Bolívia expôs um problema até então relegado ao segundo plano: as empresas brasileiras que são hoje multinacionais. O volume de investimento de algumas companhias nacionais em outros países tem aumentado significativamente, como uma forma de conquistar novos mercados e, até certo ponto, defender a posição no mercado nacional. De acordo com os dados do BACEN, divulgados hoje na Gazeta Mercantil, os ativos das nossas multis aumentaram 44% nos últimos cinco anos.
Algumas empresas conseguem hoje um faturamento maior no exterior do que no mercado doméstico. É o caso da construtoras Odebrecht e Andrade Gutierrez. A reportagem cita outros exemplos:
A WEG (...) tem 60% do mercado de motores industriais de toda a América Latina. A Camargo Correa adquiriu a maior companhia de cimento da Argentina.
Controladora da Santista Têxtil, a Camargo fecha nas próximas semanas joint venture com a Tavex para fornecer jeans à Espanha. (...) A Camargo também é dona da São Paulo Alpargatas, fabricante das globalizadas sandálias Havaianas. A Camargo adquiriu em junho de 2005 a cimenteira Loma Negra, ícone dos argentinos, assim como a Perez Companc, comprada pela Petrobras. A estatal brasileira tem ativos em todos os países da América do Sul, além dos Estados Unidos, África, e Ásia.
[A] Petrobras (...) está em processo de reavaliação(...)por conta da redução das receitas em dólar (com a valorização cambial). Hoje, 11% das reservas totais da companhia estão no exterior. Percentual bem menor que o de construtoras que passaram a ganhar mais fora do País.
(...) Cerca de 45% do faturamento [da Andrade Gutierrez] parte de obras no Brasil. Dez por cento encontra-se em outros países da América Latina e 32% em Portugal. No caso da Odebrecht, 41% dos contratos estão no Brasil e 44% em Portugal.
Esses investimentos trazem uma dificuldade maior para o analista das demonstrações financeiras e a necessidade de maior cuidado com a leitura dos riscos inerentes aos mesmos.
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