Um dos métodos mais interessantes em utilização por parte dos economistas é o chamado “experimento natural” (ou “experimento acidental”). Basicamente o pesquisador descobre um evento que permite comparar a situação antes e depois deste fato. Com as informações existentes, procura-se determinar se o evento/fato/acidente provocou algum efeito sobre a economia/sociedade. De certa forma, o experimento se aproxima do estudo de caso, pois geralmente trata-se de uma situação única, onde a generalização é mais difícil. Mas a grande quantidade de dados e a possibilidade de comparar o antes e o depois podem trazer conclusões muito mais sólidas que o estudo de caso. Além disto, possui uma grande vantagem sobre o experimento em laboratório, como o questionário (1), onde o pesquisador simplifica a realidade.
O grande problema do experimento acidental é descobrir este evento/fato/acidente. Nem sempre ele está disponível para o pesquisador usar em um determinado assunto.
Eis um caso muito interessante sobre os efeitos da prostituição sobre a sociedade (via aqui). Em um determinado período, a prostituição deixou de ser ilegal em Rhode Island (vide aqui um verbete da Wikipedia). Com isto, dois pesquisadores compararam as estatísticas existentes antes e depois da medida e descobriram que o mercado de trabalho aumentou (isto é uma conclusão fácil, já que não existe mais a figura do crime), mas reduziram as estatísticas de estupro, assim como a incidência de doença sexualmente transmissível. O percentual de redução deste dois últimos pontos foi bastante expressivo: 30% e mais de 40% .
Com o experimento acidental foi possível determinar um benefício para a descriminalização da prostituição para sociedade, algo que talvez não fosse possível com outro método de pesquisa.
(1) No livro Comportamento Inadequado, Richard Thaler faz uma interessante defesa do questionário como método de estudo na área de ciências sociais.
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Boa noite professor Tiburcio,
ResponderExcluirEu tenho uma dúvida em relação a classificação correta da OBRAS DE ARTE, trabalho em um TRIBUNAL, no processo de adoção as novas normas de contabilidade identifiquei que existiam OBRAS classificadas no imobilizado (bens móveis)... aprendi na faculdade (em contabilidade aplicada ao setor privado - FIPECAFI) que tais itens deveriam ser classificados em INVESTIMENTOS do ativo não circulante. Houve alguma discussão e ficou pacífico entre os colegas que se tratava de IMOBILIZADO, pois a entidade pública não poderia ter patrimônio que não servisse a atividade fim.
Minha dúvida é esta: ESTÁ CORRETO EM CLASSIFICAR OBRA DE ARTE NO SETOR PÚBLICO EM IMOBILIZADO? O sr. saberia a origem ou o motivo da classificação no setor privado em investimento, pois em sentido amplo todo o patrimônio concorre para o fim da entidade, nesse sentido ficaria difícil de distinguir o que seria imobilizado do resto.
qantonioq@gmail.com - para contato.
sem uma resposta sequer dizendo que não responderá?
ResponderExcluirFalha minha, Antonio. Grato por insistir. Irei olhar e respondo.
ExcluirPrezado Antônio,
ExcluirPela norma seria imobilizado. Entretanto, se a obra for de renomado artista ou com importância histórica, a mesma é um patrimônio cultural. O mais complicado não é classificação e sim a mensuração do valor. No primeiro caso, a solução mais comum é o custo histórico, quando existe. O segundo caso é muito mais complicado. Em postagens anteriores mostramos que até o Vaticano usa um valor simbólico para obras que são tesouros da humanidade.