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20 março 2017

Gestão de Riscos e a Operação Carne Fraca

A operação da Polícia Federal Carne Fraca teve um profundo impacto nas duas principais empresas do setor de alimentos do Brasil. Na sexta as ações da JBS e BRF caíram 10,59% e 7,25%, nesta ordem. Em que pese as controvérsias da operação (vide aqui, por exemplo), o fato é que as empresas atingidas com a denúncia estão sofrendo uma perda de confiabilidade pela opinião pública.

Olhando as demonstrações contábeis de ambas empresas, na área relacionada com o risco, percebemos como a gestão parece estar restrita as questões de câmbio ou mudanças nos preços dos commodities. Nas duas empresas, os comentários sobre a gestão de risco são longos, mas voltados para estes dois aspectos somente.

Na JBS a nota explicativa 30 comenta sobre instrumentos financeiros e gestão de riscos. Afinal, se a empresa foi econômica em discutir os efeitos dos problemas legais que seus executivos estão enfrentando – recentemente os irmãos Batista, que comandam a empresa, tiveram que fazer um acordo bilionário para saírem da cadeia -, imagina uma discussão sobre um possível risco de mercado. São muitos números para discutir o risco de liquidez, de crédito e de câmbio. Na verdade, na nota 30 a empresa trata do risco de mercado, comentando o seguinte:

Em particular, as exposições a risco de mercado são constantemente monitoradas, especialmente os fatores de risco relacionados a variações cambiais, de taxa de juros e preços de commodities (…)

Na BRF é pior. O termo “risco de mercado” sequer é mencionado de forma isolada. Mas quem poderia prever os fatos relatados sobre a forma como estas empresas estavam operando?

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