Este livro de William Baumol é uma boa oportunidade para aqueles que não conhecem o teorema de Baumol-Bowen. Na década de sessenta estes dois pesquisadores constataram um aspecto importante ao analisar o desempenho nas artes: não era possível perceber a contribuição dos ganhos de produtividade neste setor. Usando um exemplo simples, no século dezoito era necessário um número de músicos para executar uma obra de Mozart. Mais de duzentos anos depois, a obra de Mozart continua demandando a mesma quantidade de músicos.
Baumol e Bowen notaram que em alguns setores a introdução das máquinas não estava influenciando a forma como a tarefa era executada. Nos dias de hoje, a popularização dos computadores pode aumentar a produtividade da indústria e de algumas prestações de serviços, mas não afetam estes setores. Uma consequência imediata deste ponto é que os preços destes setores imunes às máquinas tendem a aumentar acima da inflação. Já os setores onde ocorrem ganhos de produtividades, os preços historicamente aumentam abaixo da inflação.
Neste livro, escrito quase cinquenta anos após o teorema de Baumol-Bowen, o assunto é novamente discutido. Como o próprio título afirma, o foco é no aumento do custo da saúde. Baumol procura explicar a razão pela qual os computadores estão cada vez mais baratos, enquanto o custo da saúde é cada vez maior. A explicação encontra-se no teorema de décadas atrás. E os dados apresentados mostram que a previsão de Baumol e Bowen estava correta, não importa o país ou o período de tempo.
Um aspecto interessante para pensar no futuro das finanças públicas do Brasil: dentre os setores citados onde não ocorrem ganhos de produtividade, Baumol destaca saúde e educação. Justamente dois setores que mais recebem atenção dos governos brasileiros. Continuando a tendência anunciada por Baumol, isto significa que estes setores irão demandar gastar crescentes do Estado. Fica aqui um questionamento se os estudos de Baumol seriam uma boa justificativa para um comportamento já constatado há décadas nas finanças públicas: a participação crescente dos gastos públicos na economia. Ou lei de Wagner.
O livro é composto de 12 capítulos, distribuídos em cerca de 180 páginas e quase 70 de notas, citações e índice. É um livro pequeno, fácil de ler. Entretanto, um pouco repetitivo na sua mensagem. Para quem não conhece ou não tem acesso ao livro original, trata-se de uma referência importante no estudo de custos do setor de saúde. Nesta área, assim como na área de educação, é uma obra fundamental.
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Vale a pena? Somente para aqueles que estudam custos no setor de saúde e educação.
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