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08 abril 2013

A educação nas províncias na segunda metade do século XIX

O Brasil sempre foi centralizado. Talvez por este motivo seja uma surpresa agradável descobrir que existia uma vida bastante agitada nas diversas províncias do segundo império. Uma análise nas diversas publicações provincianas permite comprovar que o ensino de contabilidade era algo normal, não uma exceção. As poucas pessoas que tinham condição de fazer o ensino, primário e médio, podiam ter contato com as noções básicas das partidas dobradas e aprender a técnica da escrituração.

Veja o caso da província do Pará. Em 1867 foi fundado o Colégio de Santa Maria de Belém (1), na Rua do Rosário, através de um acordo entre o presidente da província e o Cônego Antonio Feliciano de Souza. O colégio deveria dar instrução primária e entre os conteúdos citados estava a escrituração mercantil.

Vizinho, a província do Maranhão também já tinha o ensino da contabilidade um pouco antes. No Colégio Nossa Senhora da Gloria (2), localizado na Rua Grande, e dedicado a educação das meninas daquela província, a leitura e contabilidade era ensinada pela Dona Raymunda Emilia Abranches Moura. Já no Collegio Episcopal de N. S. dos Remedios (3), localizado na Rua de San Pantaleão 39, a primeira cadeira do ensino primário contava com leitura, escrita e contabilidade. No Liceu Maranhense (4) existia a disciplina de Calculo Mercantil e Escripturação por partida dobrada, ministrada por Luiz José Joaquim Rodrigues Rocha.

Algo comum naquela época, onde os recursos não eram tão fartos, é que a aula poderia ocorrer na escola ou na casa do próprio professor. O Liceu da Bahia (5), cuja disciplina era ministrada pelo professor Antonio Joaquim Damasio. Na mesma Bahia, a Associação Comercial já dispunha de uma sala de aula específica para contabilidade, conforme consta um proclama (6) da Caixa de Economias, “instalada no dia 29 de novembro de 1853, no salão d´aula de contabilidade da associação comercial”.

A mostra que o ensino de contabilidade florescia nas províncias no segundo reinado é a criação do Curso Commercial Pernambucano (7), através da lei provincial 414, de 30 de abril de 1857. O curso tinha três cadeiras somente, uma das quais era contabilidade, escrituração e prática de operações comerciais.

O que se percebe é que no segundo império o ensino de noções de contabilidade era comum nas províncias. Mas não a educação específica e aprofundada, como nós conhecemos hoje.

(1) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1868, edição 1, p. 192, Pará.
(2) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1858, edição 1, p. 156, Maranhão
(3) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1858, edição 1, p. 180, Maranhão
(4) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1858, edição 1, p. 39, Maranhão
(5) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1854, edição 1, p. 168, Bahia
(6) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1854, edição 1, p. 227, Bahia
(7) Almanak: Administrativo, Mercantil e Industrial, 1860, edição 1, p.581, Pernambuco

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