A coleção Documentos Históricos, da Biblioteca Nacional, foi criada em 1928 com a finalidade de transcrever documentos oficiais dos governos de Portugal e Brasil. Por este motivo, é uma fonte rica para estudar a contabilidade. Por estar focada em documentos oficiais, o panorama concentra-se na contabilidade pública. Alguns dos documentos transcritos tiveram uma atualização da escrita, modernizando a ortografia. Assim, encontra-se o termo “escrituração”, mas não “escripturação”.
Os volumes geralmente são temáticos. O volume 111 trata das cartas de sesmarias do Rio de Janeiro, entre 1573-74. O volume 112, o último publicado, é o diário do tenente-coronel Albuquerque Bello sobre a Guerra do Paraguai.
Nesta postagem irei destacar o século XVIII. Ou seja, um pouco mais de duzentos e cinquenta anos após a publicação da Summa de Paccioli. Apesar do pouco tempo e da dificuldade de divulgação do conhecimento científico, o método das partidas dobradas parecia já consolidado, sendo de conhecimento da administração da colônia da sua importância. Um documento tardio, de 1778, deixa bem claro a relevância da escrituração contábil.
A escrituração contábil é considerada, no documento como o melhor instrumento para evitar os “descaminhos” na gestão.
Em termos de terminologia é interessante notar algumas curiosidades do período. O termo “balanço” está associado ao levantamento físico de inventário, como é possível perceber no documento a seguir, datado de 1699:
Ou neste documento, de 1718, referente a quantidade de pólvora existente no arsenal.
Ou neste outro, de 1721
Mas em 1782 o termo substitui o que hoje conhecemos como DRE para “Balanço da Receita e Despesa”, num documento do governador da Paraíba para o imperador de Portugal.
Finalmente, destaco que o termo “contador” era bastante comum na época. A pesquisa na coleção revelou a existência de 1043 ocorrências com este termo (contra 25 para “escrituração”
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