Por Isabel Sales
Procrastinar: deixar para outro dia, pospor, adiar, usar de delongas, protelar. Se você é um procrastinador, provavelmente já passou várias noites em claro terminando tarefas, por deixa-las para o último instante, ou só se sente motivado quando o prazo está acabando. A escritora Peg Boyle (Demystifying dissertation writing) aponta que esse comportamento pode ser aceitável na graduação, talvez um pouco no mestrado. Mas em um doutorado é inadmissível.
Caso você sofra desse mal, seu maior desafio é sentar-se e colocar as mãos no teclado. Assim que você superar a ansiedade inicial e começar a escrever, provavelmente fará bons progressos. Uma dica para lutar contra a sua enrolação é o famoso parceiro de estudos. Assim, recrute um parceiro e marque de se reportar todos os dias. Sim, todos os dias. O legal é que para essa tarefa você não precisa que a pessoa te encontre diariamente. Você pode falar para a sua amiga por e-mail ou por telefone o que fez no dia anterior e o que pretende cumprir hoje. Provavelmente você se sentirá tentado, mas NÃO PERFUME A INFORMAÇÃO que você passará nesses relatos. Por várias razões! O principal interessado é você (seu parceiro de estudos está apenas te apoiando), tentar recuperar o tempo para estar atualizado com o que vêm divulgando pode te impor uma pressão prejudicial e, no fim, a verdade prevalecerá.
Tendo em vista que a luta contra a procrastinação é sentar-se e iniciar o trabalho, é particularmente importante que você mantenha um lugar para escrever. E deixe o lugar relativamente organizado e limpo. Qualquer coisa que traga aversão a se sentar ali, naquele lugar que você pretende escrever, fará com que qualquer outra tarefa no mundo aparente ser mais acolhedora: limpar o chão, a mesa, tirar o pó, lavar a louça.
Outra dica de Peg Boyle para quem tem o problema de adiar a tese é criar um diário. Sente-se em sua mesa, ligue o computador, abra o documento no qual pretende trabalhar. Em seguida, pegue uma folha e uma caneta, escreva sobre os seus planos para o dia, como pretende desempenhá-los. Pelos dois anos em que Peg trabalhou em sua tese, escreveu um diário realmente diário. Ela começava com algo como: “ok, estou com a mente vazia e não sei o que dizer...” e após mais ou menos uma página ela chegava a “hoje gostaria de escrever sobre...”. Quase sempre ela terminava o registro com “tudo bem. Isso parece legal. Vamos lá!”. Após criar um clima agradável, discursando em mãos livres, ficava mais fácil focar em sua tese. Tente essa técnica (sem vergonha de parecer uma colegial) e veja se ela funciona para você. Adapte o quanto precisar, desde que te ajude.
Se você estiver em um ponto em que está realmente empacado, se pergunte o seguinte:
- Qual é a parte importante desse capítulo ou seção?
- O que eu quero dizer sobre esse capítulo ou seção?
- Quais evidências eu tenho para respaldar o meu argumento?
- Como esse capítulo ou seção irá auxiliar a próxima seção ou capítulo?
Geralmente os alunos conseguem responder rapidamente a essas questões. O difícil é traduzir o pensamento em prosa. Lembre-se: você não precisa de um tom erudito para escrever o seu trabalho. Escreva com a sua própria voz, a que você usa quando fala sobre o seu estudo. Ou então, quando se sentir bloqueado, fale alto enquanto escreve. Se necessário, grave a sua narração (hoje em dia a maioria dos celulares tem um dispositivo para isso) e em seguida digite. Pode parecer trabalhoso, mas provavelmente poupa mais tempo que esperar que o bloqueio de escritor passe e a inspiração magicamente apareça.
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